Apesar de serem doenças autolimitadas,
que duram de 5 a 7 dias, os sintomas dos resfriados geram grande desconforto e
têm forte impacto nas atividades diárias dos doentes, sendo a primeira causa de
absenteísmo escolar e ao trabalho no mundo. O tratamento é sintomático, sendo a hidratação
muito importante. Antitérmicos, analgésicos, descongestionantes e anti-histamínicos
são amplamente utilizados para aliviar a sintomatologia dos resfriados.
Muitas pessoas usam medicamentos de venda livre, popularmente
conhecidos como ‘antigripais’, os
quais foram reclassificados pela Anvisa como medicamentos para o “tratamento
sintomático da gripe”. Esses medicamentos contêm associações de até quatro
fármacos: analgésicos/anti-inflamatórios + descongestionantes sistêmicos + anti-histamínicos
+ estimulante (cafeína). Os medicamentos
que contiverem vasoconstritores sistêmicos de uso oral ou tópico nasal estão
sujeitos à apresentação de prescrição médica.
Existem diversas especialidades
farmacêuticas registradas na Anvisa com essa denominação, e o fato de que grande
parte desse produtos é isenta de prescrição médica, o fácil acesso a esses
medicamentos leva a prática da automedicação. Pensando na promoção do uso
racional de medicamentos e considerando que os resfriados são doenças benignas,
surge a pergunta: esses medicamentos são realmente eficazes?
Há uma Revisão Sistemática
Cochrane, feita a partir de 27 estudos, com 5.117 pacientes, com o objetivo de avaliar a eficácia das combinações de descongestionante,
analgésico e anti-histamínico na redução da duração e alívio dos sintomas do
resfriado comum em adultos e crianças. Os autores concluíram que, apesar de escassos, os dados disponíveis sobre a eficácia das combinações para o tratamento sintomático da gripe mostram
que há algum benefício geral para adultos e crianças mais velhas. No entanto,
deve-se fazer um balanço entre os benefícios e o risco de eventos adversos, já
que muitas pessoas experimentam reações adversas como
sonolência, boca seca, insônia e tontura. A eficácia de cada agente
isoladamente não foi avaliada nessa revisão.
Os autores acrescentam que, em
crianças pequenas, essas combinações não devem ser usadas, uma vez que não há
nenhuma evidência da eficácia e que são potencialmente perigosas para essa
faixa etária. Isto significa que as combinações testadas podem ser utilizadas
em adultos e crianças mais velhas, a fim de melhorar os sintomas gerais do
resfriado comum.
Confira a
revisão sistemática Oral antihistamine-decongestant-analgesic
combinations for the common cold, na íntegra, clicando aqui.
Boa leitura,
Equipe CIM-RS
Fontes:
- De Sutter An IM, van Driel Mieke L, Kumar Anna A,
Lesslar Olivia, Skrt Alja. Oral
antihistamine-decongestant-analgesic combinations for the common cold. Cochrane
Database of Systematic Reviews. In: The Cochrane Library, Issue
4, Art. No. CD004976. DOI: 10.1002/14651858.CD004976.pub2. Disponível em: http://www.bireme.br/php/index.php . Acesso em: 04 jul. 2014.
- DUNCAN,
B.B.; SCHMIDT, M.I.; GIUGLIANI, E.R.J.; Medicina
Ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2004.
- BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução
RDC n.º 40, de 26 de fevereiro de 2003. Disponível em: http://portal2.saude.gov.br/saudelegis/LEG_NORMA_PESQ_CONSULTA.CFM . Acesso em: 04 jul. 2014.