16 de nov. de 2016

Comunicamos que no dia 17/11 o CIM-RS abrirá em turno inverso, das 13:30h às 17:30h.
Att
Equipe CIM-RS


10 de nov. de 2016

Estatísticas parciais de 2016

Está disponível para acesso as estatísticas parciais de 2016 do CIM-RS.
Para visualizar clique aqui.

Atenciosamente

Equipe do CIM-RS

Obesidade - preciso mesmo recorrer a medicamentos?




A população mundial vem ganhando peso corporal, e a brasileira não fica para trás. Pesquisa realizada em 2014 em 26 capitais brasileiras, denominada Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), revelou que 52,5% da população brasileira estava acima do peso. Segundo esta pesquisa, 51,8% dos moradores de Porto Alegre estavam com excesso de peso. A capital com maior número de pessoas nessa situação foi Rio Branco, com 60,8%. Porto Alegre também possuía 18,2% de pessoas obesas, um número alto quando comparado à capital com menor proporção de pessoas obesas, Goiânia, com 14 %. 1,2.

            Considerada um dos principais problemas de saúde pública na atualidade, por ser um fator de risco para doenças crônicas como diabetes, doenças cardiovasculares e câncer, a obesidade pode ser classificada de diversas formas. A mais usada é o IMC (Índice de Massa Corporal), que relaciona peso e altura do indivíduo. Sobrepeso é caracterizado por um IMC entre 25 a 29,9 e grau I de obesidade, a partir de 30 até 34,9 3. Por conta da alta prevalência e dos problemas que pode causar, há diversos programas de saúde pública em todo mundo para tentar diminuir os índices desta condição.

            Revisão sistemática e metanálise publicada em 2013 avaliou a influência de algumas medidas terapêuticas na manutenção e melhora na perda de peso após dietas com baixo valor calórico. Esta pesquisa, que incluiu 27 estudos com mais de 3000 participantes no total, verificou que fármacos antiobesidade, reposição alimentar e dietas com alta proporção de proteínas foram efetivas em aumentar a perda de peso, enquanto exercício físico e suplementação alimentares (como chá verde, suplementações com ácido linoleico conjugado, óleos e fibras) não demonstraram aumento da perda de peso, mas foram suficientes para manter o peso. Isso demonstra que existem outras alternativas ao uso de fármacos para manutenção e perda de peso. Alternativas que, em geral, possuem efeitos adversos em menor prevalência e gravidade. Entretanto, esta pesquisa apresentou algumas limitações como o baixo número de estudos clínicos randomizados que compararam o uso de exercícios e fármacos antiobesidade4.

            No caso de crianças, mudanças comportamentais na família como um todo levam a efeitos positivos na perda de peso quando o IMC é avaliado em crianças e adolescentes. Estas mudanças incluem adequação da dieta, prática de atividade física e/ou intervenção com terapia comportamental. Quando usados juntamente com mudanças no estilo de vida em crianças obesas, o uso de medicamentos, como sibutramina, resultou em uma perda ainda maior de peso, embora com o aparecimento frequente de efeitos adversos característicos, como taquicardia e hipertensão. Portanto, o efeito farmacológico resultante do uso de medicamentos deve ser balanceado com os problemas que estes possam causar no momento de estabelecer o plano terapêutico nessa faixa etária. Ainda assim, mais estudos são necessários para determinar qual a melhor abordagem a ser usada em crianças e adolescentes e que resulte na perda de peso de maneira saudável5.

            O Brasil por muito tempo foi o maior consumidor de medicamentos inibidores de apetite usados contra obesidade. Entretanto, nos últimos anos vêm apresentando um panorama heterogêneo em relação ao consumo de tais medicamentos, ou seja, o número de dispensações vem se distribuindo de forma diferente de acordo com a cidade: aumentando, diminuindo ou se mantendo o mesmo6.   Entretanto, evidências apontam para outros métodos tão efetivos quanto os medicamentos que não possuem os potenciais efeitos adversos que medicamentos, como a sibutramina, podem causar. 7
A aquisição de hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis ainda é a primeira abordagem a ser utilizada pela pessoa que necessita perder peso. A utilização de medicamentos deve ser reservada a situações muito específicas, e deve ser feita somente com prescrição médica e com a orientação do farmacêutico para o uso adequado. 

Texto elabotado por Gustavo F Marcowich
Revisado por Prof. Farm. Tatiane da Silva Dal Pizzol

1.     MINISTÉRIO DA SAÚDE. VIGITEL BRASIL 2014 - vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Disponível em: http://www.ans.gov.br/images/stories/Materiais_para_pesquisa/Materiais_por_assunto/2015_vigitel.pdf Acessado em: 07/11/2016
2.     PORTAL SAÚDE. VIGITEL 2014 - Obesidade estabiliza no Brasil, mas excesso de peso aumenta. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/principal/agencia-saude/17445-obesidade-estabiliza-no-brasil-mas-excesso-de-peso-aumenta Acessado em: 07/11/2016
3.     HALPERN, A; MANCINI, M. C. Obesidade e Síndrome Metabólica para o Clínico. São Paulo: Rocca, 2009.
4.     Johansson K, Neovius M, Hemmingsson E. Effects of anti-obesity drugs, diet, and exercise on weight-loss maintenance after a very-low-calorie diet or low-calorie diet: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. Am J Clin Nutr. 2014 Jan;99(1):14-23. doi: 10.3945/ajcn.113.070052. Epub 2013 Oct 30.
5.     Oude Luttikhuis H, Baur L, Jansen H, Shrewsbury VA, O'Malley C, Stolk RP, Summerbell CD. Interventions for treating obesity in children. Cochrane Database Syst Rev. 2009 Jan 21;(1):CD001872. doi: 10.1002/14651858.CD001872.pub2.
6.     BRASIL. ANVISA. SNGPC – Boletim de Farmacoepidemiologia. ”Inibidores de Apetite no Brasil: reflexões sobre seu consumo nos anos de 2009 a 2011”. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/sngpc/boletins/2012/boletim_sngpc_1_2012_modificado.pdf Acessado em: 10/11/2016
7.     Siebenhofer A, Jeitler K, Horvath K, Berghold A, Posch N, Meschik J, Semlitsch T. Long-term effects of weight-reducing drugs in people with hypertension. Cochrane Database Syst Rev. 2016 Mar 2;3:CD007654. doi: 10.1002/14651858.CD007654.pub4.