29 de jun. de 2016

Queimaduras: o que fazer?



Junho é mês de festas juninas e em algumas regiões do país, estas festas adentram o mês de julho. Devido ao aumento do número de acidentes nestas épocas, em 2009 foi sancionada a lei n° 12.0261 que cria o Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras, comemorado em 6 de Junho. Porém, as queimaduras não acontecem somente nestas épocas e devemos estar atentos também aos acidentes domésticos, principalmente envolvendo crianças. A Sociedade Brasileira de Queimaduras estima que 1 milhão de casos de queimaduras aconteçam por ano no Brasil, destes 300 mil ocorrem com crianças2,3. As queimaduras podem ser causadas por vários agentes, como o calor, eletricidade e agentes químicos3,4,5.
As queimaduras são classificadas de acordo com o grau da lesão em queimaduras de primeiro grau, segundo grau ou terceiro grau2,3,4, sendo as de primeiro grau aquelas que deixam o local vermelho mas não causam bolhas, as de segundo grau aquelas que atingem uma camada mais profunda da pele, provocando bolhas e as de terceiro grau, podem atingir a pele, músculos, gorduras e até os ossos, sendo bastante graves2,4. O autocuidado em caso de queimaduras visa diminuir a dor e o inchaço, proteger a área queimada e evitar infecções e cicatrizes5.
- O que deve ser feito em caso de queimaduras de primeiro grau? O primeiro cuidado é afastar o agente causador da queimadura (calor, eletricidade, agentes químicos)2,6, e lavar o local com água corrente2,4 à temperatura ambiente (nunca gelada)2,5,6 até que a lesão esteja resfriada2. Observe os possíveis sinais de infecção local (piora da dor, eritema e edema persistente, e presença de secreção amarela e pus). Se estes sinais forem observados, procure orientação médica. Deve-se ingerir bastante líquido, usar filtro solar regularmente e utilizar analgésicos, se necessário7.
Em casos de queimaduras de segundo e terceiro grau, buscar ajuda de um profissional da saúde (Posto de Saúde, Samu ligando para o 192, Bombeiros ligando para o 193 ou Emergência Hospitalar)2,4,6.
Existem inúmeras crenças populares a respeito do tratamento das queimaduras, como passar pasta de dente, óleo de cozinha, folhas de trigo, manteiga, pomadas, entre outros. Contudo, essas ações podem trazer danos a pele.
- Então, o que não fazer? Não passe nenhum produto ou receita caseira2, não estoure e não esvazie as bolhas2,5, evite tecidos que possam grudar no ferimento, como algodão2,4, e não tire a roupa do paciente queimado4 (deve-se molhar a vestimenta até a chegada do socorro)2. Evite a aplicação de qualquer pomada ou medicamentos naturais2, cremes refrescantes6, cânfora5, mentol5, hidratantes6 e qualquer medicação não prescrita4, pois esta medida pode agravar a lesão, dificultar o diagnóstico2,4 e aumentar o risco de infecção, uma vez que que a pele está debilitada2.
Em todos os casos, a prevenção é o melhor remédio:  evite fumar perto de produtos inflamáveis; mantenha velas acesas longe de botijões de gás, de solventes, de roupas e das crianças; evite usar toalhas de mesa compridas, pois as crianças podem puxá-las; ao sentir cheiro de gás feche os registros, abra as janelas e não acenda fósforos ou isqueiros; teste a temperatura dos alimentos antes de oferecer aos pequenos, nunca retire um pipa presa em fios de alta tensão; jamais tente pular uma fogueira; se afaste de alguém que estiver mexendo com fogo2.
O Ministério da Saúde disponibiliza para os profissionais da saúde a Cartilha para Tratamento de Emergência para Queimaduras. Para mais informações sobre a cartilha, clique aqui.

Texto elaborado por Jacqueline Weis Bonfanti, revisado por Tatiane Dal Pizzol.

REFERÊNCIAS
  1. BRASIL. Lei nº 12.026/2009. Dia Nacional de Luta Contra Queimaduras. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/lei/l12026.htm. Acessado em 08 de junho de 2016.
  2. Sociedade Brasileira de Queimaduras. Disponível em: http://sbqueimaduras.org.br/. Acessado em 08 de junho de 2016.
  3. BRASIL, Ministério da Saúde. Cartilha para Tratamento de Emergência para Queimaduras. Disponível em: http://sbqueimaduras.org.br/wp/wp-content/uploads/2013/04/Cartilha_MS_2012.pdf. Acessado em 08 de junho de 2016.
  4. Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica. Disponível em: https://www.sbcd.org.br/pagina/1720. Acessado em 15 de junho de 2016.
  5. KRINSKY, D.L.; BERARDI, R.R. (Ed.). Handbook of Nonprescription Drugs. 17 ed. Washington: AphA, 2012
  6. Vale, Everton Carlos Siviero. Primeiro Atendimento em queimaduras: a abordagem do dermatologista. An Bras Dermatol. 2005;80(1):9-19. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/abd/v80n1/v80n01a03.pdf. Acessado em 15 de junho de 2016.
  7. Sociedade Brasileira de Dermatologia. Disponível em: http://www.sbd.org.br/orientacoes/queimaduras/. Acessado em 16 de junho de 2016.

14 de jun. de 2016

O inverno está chegando - e a vitamina D como fica?



Vitamina D é um metabólito lipossolúvel importante para o metabolismo, tendo grande influência na estrutura óssea, visto que sua deficiência pode levar a osteomalacia (amolecimento dos ossos) em adultos e raquitismo em crianças. Pouco conhecido é o fato que sua escassez pode ocasionar doenças cardiovasculares,  aumentar incidência de doenças autoimunes e de câncer. Ela é sintetizada naturalmente no corpo humano, mas para isso é necessária exposição à radiação ultravioleta a pele. Vitamina D também pode ser obtida da dieta, pela ingestão de ovos, peixes gordurosos e carne, alimentos ricos desse nutriente1,2.
           Órgãos de saúde pública tem encorajado a exposição a luz solar para evitar a deficiência de Vitamina D, mas isso vira uma preocupação com a chegada do inverno: temperaturas mais baixas impedem que as pessoas saiam com frequência para a rua e dias nublados diminuem a exposição à radiação UV, o que pode levar a uma deficiência da vitamina em questão. Mas o quanto essa produção é realmente afetada?
           Em estudos avaliando variações plasmáticas de vitamina D em diferentes localidades, foi verificado que em muitas pessoas residentes em locais de latitudes moderadas a altas, os níveis da vitamina variam entre verão e inverno. Entretanto, muitas pessoas conseguem manter seus níveis plasmáticos normais mesmo após longos meses sem exposição ao sol devido a uma dieta adequada. Os autores desses estudos sugerem que políticas públicas sejam incentivadas para promover o consumo alimentar adequado de vitamina D para diminuir o impacto da redução na produção interna do nutriente. Entretanto, faz-se necessário a realização de ensaios clínicos randomizados para avaliar se os benefícios da maior exposição a luz solar para aumento de níveis de vitamina D plasmáticos superam os malefícios, como maior risco de câncer de pele2,3,4,5.
           Mas substituir totalmente a exposição a radiação solar para a produção interna de Vitamina D por suplementação seria uma boa alternativa? Glossmann (2011) afirma que esta suplementação não é equivalente a Vitamina D naturalmente produzida pelo organismo. A irradiação de UV pode aumentar uma grande variedade de hormônios, proteínas e citocinas. Calcitriol produzido na pele pode proteger contra câncer de pele, inclusive contra melanoma. Produção de óxido nítrico na pele é aumentada na mesma hora por UV-A, o que diminui a pressão sanguínea sistêmica, indicando que existem outras atividades relacionadas a exposição a luz solar além da produção de vitamina D. Por isso a exposição a luz solar não deveria ser completamente substituída por suplementação alimentar6.
           Para avaliar a importância de suplementação de vitamina D em crianças, uma metanálise analisou a importância desta suplementação em termos de densidade óssea. Comparando crianças com níveis séricos de vitamina D normais com e sem suplementação não foi encontrada uma diferença significativa neste parâmetro. Entretanto, em crianças com baixos níveis de vitamina D foi encontrado uma maior densidade óssea nas crianças recebendo a suplementação. Embora esta metanálise tenha sido bem conduzida, baseia-se nos resultados de apenas 6 estudos, com um total 884 crianças, para que se possa tirar conclusões precisas sobre a ausência de efeito de suplementação de vitamina D em crianças com níveis séricos normais de vitamina D7,8.
           Diante da preocupação com a diminuição de produção de Vitamina D durante os meses mais frios e escuros, recomenda-se que os profissionais da saúde orientem indivíduos e comunidade sobre os benefícios das diferentes estratégias de obtenção da vitamina D, incluindo a obtenção deste nutriente pela dieta e a exposição ao sol nos horários preconizados, para viabilizar o seu processo de síntese no organismo sem grandes riscos para a saúde por conta do potencial malefício causado pela radiação UV.
          
1.    Fry CM, Sanders TA. Vitamin D and risk of CVD: a review of the evidence. Proc Nutr Soc. 2015 Aug;74(3):245-57. doi: 10.1017/S0029665115000014. Epub 2015 Feb 20
2.    Rice SA, Carpenter M, Fityan A, Vearncombe LM, Ardern-Jones M, Jackson AA, Cooper C, Baird J, Healy E. Limited exposure to ambient ultraviolet radiation and 25-hydroxyvitamin D levels: a systematic review. Br J Dermatol. 2015 Mar;172(3):652-61. doi: 10.1111/bjd.13575. Epub 2015 Feb 3.)
3.    Engelsen O. The relationship between ultraviolet radiation exposure and vitamin D status. Nutrients. 2010 May;2(5):482-95. doi: 10.3390/nu2050482. Epub 2010 May
4.    Cashman KD1. A review of vitamin D status and CVD. Proc Nutr Soc. 2014 Feb;73(1):65-72. doi: 10.1017/S0029665113003595. Epub 2013 Oct 9.)
5.    Mullins RJ, Camargo CA. Latitude, sunlight, vitamin D, and childhood food allergy/anaphylaxis. Curr Allergy Asthma Rep. 2012 Feb;12(1):64-71. doi: 10.1007/s11882-011-0230-7.)
6.    ( Glossmann H. Vitamin D, UV, and skin cancer in the elderly: to expose or not to expose? Gerontology. 2011;57(4):350-3. doi: 10.1159/000322521. Epub 2010 Dec 22.)
7.    Winzenberg T, Powell S., Shaw K.A., Jones G. Effects of vitamin D supplementation on bone density in healthy children: systematic review and meta-analysis. BMJ 2011;342:c7254
8.    Ryan, LM. Vitamin D supplementation of deficient children may improve bone mineral density. Evidence-Based Medicine October 2011; volume 16. Number 5


Elaborado por Gustavo F Marcowich
Revisado por Farm. Tatiane Dal Pizzol

10 de jun. de 2016

Pergunte ao CIM-RS: Descarte de Medicamentos



Mais uma dúvida respondida pelo CIM-RS.

Dessa vez foi sobre o descarte de medicamentos.

Confere aqui! A dúvida do colega profissional pode ser a mesma que a tua!


7 de jun. de 2016

Descarte Correto de Medicamentos e o Meio Ambiente

 



Em 5 de Junho comemora-se o Dia Mundial do Meio Ambiente e nesse contexto, devemos lembrar do Descarte Correto de Medicamentos. O descarte incorreto, como no lixo comum ou no vaso sanitário, pode contaminar a água, o solo e os animais, além de oferecer risco à saúde de pessoas que podem vir a utilizá-los1.
Por que sobram medicamentos? Medicamentos não utilizados ou vencidos podem ter origem na automedicação, não adesão ao tratamento, prescrição além da quantidade necessária, dispensação de uma quantidade maior que a prescrita, e distribuição de amostra-grátis, entre outros2.
Em estudo realizado na cidade de São Paulo, em 2010, 1009 pessoas foram questionadas a respeito do conhecimento em relação ao descarte de medicamentos. Dos entrevistados, apenas 2,7% havia recebido algum tipo de informação sobre o descarte de medicamentos vencidos. A respeito do local de descarte, 75,3% descartavam seus medicamentos no lixo doméstico, 6,3% na pia ou no vaso sanitário e 9,8% relataram que nunca descartaram medicamentos vencidos. Mesmo que 63,3% dos entrevistados declararam ter conhecimento da gravidade de descartar medicamentos de maneira incorreta no esgoto ou no lixo doméstico, 92,5% nunca perguntaram como fazer este descarte3.  
 O Programa Descarte Consciente promovido pela BHS – Brasil Health Services em parceira com inúmeras drogarias, indústrias farmacêuticas, hospitais e universidades, visa promover o descarte correto de medicamentos através de estações coletoras. Nessas estações podem ser descartados pomadas, comprimidos, medicamentos líquidos, sprays, caixas e bulas4.
 Separe os medicamentos vencidos e aqueles que não serão mais usados e leve-os para a estação coletora mais próxima.
Para mais informações e locais de coleta, clique aqui












REFERÊNCIAS

  1. Eurofarma. Disponível em: http://www.eurofarma.com.br/blog/?p=2133. Acessado em 25 de maio de 2016.
  2. CIMRS. Boletim Informativo do CIM-RS. Prática Profissional: Descarte de medicamentos. Maio 2011. Disponível em: http://www.ufrgs.br/boletimcimrs/descarteboletim.pdf. Acessado em 25 de maio de 2016. 
  3. Melo et al. DESCARTE DE MEDICAMENTOS VENCIDOS POR USUÁRIOS RESIDENTES NA CIDADE DE SÃO PAULO. 2010. Disponível em: http://www.oswaldocruz.br/download/artigos/saude20.pdf. Acessado em 25 de maio de 2016.
  4. Programa Descarte Consciente. Disponível em: http://www.descarteconsciente.com.br/. Acessado em 25 de maio de 2016.




 

Texto elaborado por Jacqueline Weis Bonfanti
Revisado por Tatiane Dal Pizzol