27 de jan. de 2017

Whey protein funciona?

                          


     Os suplementos whey protein (WP) são conhecidos por sua alta qualidade nutricional, absorção rápida, e como fonte rica de aminoácidos essenciais, especialmente os aminoácidos de cadeia ramificada1.
Durante o exercício físico, os músculos sofrem pequenas lesões, que são resolvidas pelas proteínas sintetizadas por células do tecido muscular durante a atividade física. Acredita-se que o consumo de WP, elaborado a partir da proteína extraída do soro do leite, acelere esse processo e potencialize o aumento da massa magra1
     O consumo a longo prazo de uma dieta rica em proteínas, como por exemplo, WP, pode estar ligado a problemas como perda de massa óssea e disfunção renal. No entanto, embora seja bem aceito que uma dieta rica em proteínas pode ser prejudicial para indivíduos com disfunção renal existente, há pouca evidência de que a ingestão elevada de proteínas seja perigosa para indivíduos saudáveis2.
   Reidy e colaboradoresem 2016 obtiveram resultados pouco animadores para quem utiliza WP. A suplementação protéica em jovens saudáveis aumentou minimamente a massa muscular, além de não melhorar a força4. Outro ensaio clínico randomizado obteve resultados semelhantes:a ingestão de 20 gramas de proteína de soro do leite imediatamente após os treinos não aumentou a massa corporal magra, força e função física em pessoas idosas quando comparado a carboidratos isocalóricos5.
      Mesmo com o aumento da popularidade destes suplementos, categorizados como alimentos pela ANVISA, questiona-se a qualidade nutricional desses produtos; portanto, seu uso deve sempre contar com o acompanhamento de um profissional de saúde capacitado.

Texto elaborado por Acadêmico Iago Christofoli
Revisado por Prof. Tatiane da Silva Dal Pizzol

  1. ALMEIDA, C. C.; CONTE-JÚNIOR, C. A.; SILVA, A. C. O.; ALVARES, T. S. Proteína do soro do leite: composição e suas propriedades funcionais. Enciclopédia Biosfera, v. 9, p. 1840—1854, 2013.
  2. Cuenca-Sanchez, M., Navas-Carrillo, D. and Orenes-Pinero, E. (2015). Controversies Surrounding High-Protein Diet Intake: Satiating Effect and Kidney and Bone Health. Advances in Nutrition: An International Review Journal, 6(3), pp.260-266,2015
  3. Reidy PT, Borack MS, Markofski MM, Dickinson JM, Deer RR, Husaini SH, Walker DK, Igbinigie S, Robertson SM, Cope MB, Mukherjea R, Hall-Porter JM, Jennings K, Volpi E, Rasmussen BB. Protein Supplementation Has Minimal Effects on Muscle Adaptations during Resistance Exercise Training in Young Men: A Double-Blind Randomized Clinical Trial. The Journal of Nutrition. 146: 1660-1669, 2016.
  4. Arnarson A, GudnyGeirsdottir O, Ramel A, Briem K, Jonsson PV, Thorsdottir I. Effects of whey proteins and carbohydrates on the efficacy of resistance training in elderly people: double blind, randomised controlled trial, v. 8 p.821-826, 2013.

20 de jan. de 2017

Diclofenaco e os diferentes sais


              Hoje, o CIM-RS além de parabenizar todos os estudantes e profissionais da área pela passagem do dia do Farmacêutico, responde uma questão sobre as particularidades do diclofenaco quando associado a diferentes sais. Não deixe de compreender as diferenças, Clique aqui!

13 de jan. de 2017

Estatinas e dor




Estatinas são classificadas como agentes anti-hiperlipidêmicos empregadas na redução de mortalidade em pacientes com doenças cardiovasculares. Entre os efeitos adversos, é relatado dor em músculos esqueléticos e, em casos mais raros, rabdomiólise com falha renal secundária.O risco é maior em pacientes em uso de sinvastatina, quando comparada a outros fármacos da mesma classe, ou quando utilizado elevadas doses de qualquer estatina, em comparação com doses baixas1.
Estatinas são amplamente prescritas para idosos;entretanto, a maioria dos estudos que comprovam sua eficácia são realizados com indivíduos mais jovens, pondo em xeque sua efetividade em pacientes de outras faixas etárias. O benefício do uso das estatinas em algumas condições também tem sido questionado, como em idoso sem tratamento paliativo para câncer. Com esse objetivo, resultados preliminares de estudo transversal realizado na Austrália por Turner e colaboradores apontaram para uma relação entre ouso destes fármacos e dor em pacientes idosos com câncer2.
Embora não esteja ainda totalmente elucidado, suspeita-se que um dos mecanismos que cause dor pelo uso de estatinas deva-se a insuficiência de vitamina D, a qual estaria associada com a via de metabolização das estatinas; em indivíduos com deficiência dessa vitamina, a metabolização das estatinas ocorreria em menor extensão, gerando toxicidade3.
Nesse sentido, pacientes em uso de estatinas, particularmente idosos e com comorbidade podem se beneficiar de intervenções farmacêuticas que visem o seguimento farmacoterapêutico, com acompanhamento da ocorrência de efeitos adversos e outros possíveis problemas relacionados a medicamentos (PRM).
 Texto elaborado por Gustavo F Marcowich
Revisado por Prof. Farm. Tatiane da Silva Dal Pizzol
  1. DRUG Facts and Comparisons. 2014 Edition. St.Louis: Facts and Comparisons, 2013
  2. Turner JP et al. Statin Use and Pain in Older People with Cancer: A Cross-Sectional Study. Journal compilation 2014, The American Geriatrics Society.
  3. Pereda CA, Nishishinya MB. Is there really a relationship between serum vitamin D (25OHD) levels and the musculoskeletal pain associated with statin intake? A systematic review. ReumatolClin. 2016 Apr 25. pii: S1699-258X(16)30001-8. doi: 10.1016/j.reuma.2016.03.009.



6 de jan. de 2017

Acne: além da aparência


Na adolescência, além de lidar com frequentes mudanças comportamentais e sociais, o adolescente passa por mudanças físicas e hormonais, e surgimento de acne. Em uma fase do desenvolvimento onde a preocupação com a aparência cresce em importância, o surgimento de acne pode levar a insegurança, timidez e comprometimento da autoestima1,2.

Em 2010, a acne esteve entre as dez doenças mais prevalentes no mundo3. Estudos demonstram a relação entre acne e ansiedade, depressão e outros transtornos psicossociais, tanto em crianças quanto em adultos. Em um estudo longitudinal prospectivo com dados de mais de 1000 indivíduos acompanhados por 23 anos, foi identificada uma relação entre ansiedade persistente durante adolescência e vida adulta e o desenvolvimento de acne4.

Para o tratamento desta condição, um dos medicamentos utilizados é a isotretinoína, um retinóide sintético. O uso e a dose devem ser rigorosamente avaliados e monitorados, devido aos potenciais efeitos adversos, entre os quais tem sido destacado o desenvolvimento de depressão, psicose e, raramente, idealização de suicídio, efeitos identificados durante a fase de farmacovigilância5.

Um dos problemas associados com os efeitos adversos psiquiátricos é a dificuldade de prever quais pacientes poderão desenvolver tais efeitos. É importante realizar avaliação psicológica dos pacientes antes, durante e após o tratamento com o fármaco para acompanhar possível desenvolvimento de transtornos mentais6. Para melhor auxiliar na prescrição de isotretinoína, foram desenvolvidas, na Austrália, recomendações que podem ser conferidas em: https://www.dropbox.com/s/3vf3k6h173llweu/ajd12117.pdf?dl=0

Texto elaborado por Gustavo F Marcowich
Revisado por Prof. Farm. Tatiane da Silva Dal Pizzol

1. SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA. Acne. Disponível em: http://www.sbd.org.br/doencas/acne-2/ Acessado em: 09/12/2016
2.     (HARDMAN, J. G.; LIMBIRD, L. E. (Ed.) Goodman & Gilman - As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 10.ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 2003.
3.     Hay RJ, Johns NE, Williams HC et al. The global burden of skin disease in 2010: an analysis of the prevalence and impact of skin conditions. J Invest Dermatol 2014; 134:1527–34.
4.     Ramrakha S, Fergusson DM, Horwood LJ, Dalgard F, Ambler A, Kokaua J, Milne BJ, Poulton R. Cumulative mental health consequences of acne: 23-year follow-up in a general population birth cohort study. Br J Dermatol. 2016 Nov;175(5):1079-1081. doi: 10.1111/bjd.13786. Epub 2016 Sep 13.
5.     MCEVOY, G. K. (Ed.) AHFS Drug Information. Bethesda: ASPH, 2014

6.     Rowe C, Spelman L, Oziemski M, Ryan A, Manoharan S, Wilson P, Daubney M, Scott J. Isotretinoin and mental health in adolescents: Australian consensus. Australas J Dermatol. 2014 May;55(2):162-7. doi: 10.1111/ajd.12117. Epub 2013 Nov 28.