20 de mar. de 2015

Suplementação de cálcio e o risco cardiovascular

         
Nos últimos anos, tem aumentado consideravelmente a prescrição de suplementos de cálcio, para pacientes com 50 anos ou mais, visando o tratamento ou a prevenção de doenças ósseas, em especial a osteoporose. Os comprovados benefícios de manutenção da estrutura óssea, o baixo custo e fácil obtenção fizeram com que seu uso se popularizasse e, por consequência, a prática da automedicação. Porém, o uso de suplementos em excesso e, muitas vezes, sem orientação adequada, pode trazer danos à saúde dos usuários, uma vez que estes são medicamentos, e como tais, oferecem riscos.

Desde os anos 60, tem sido sugerido que o cálcio teria um efeito protetor em alguns fatores de risco cardiovascular como colesterol, pressão arterial ou peso.  No entanto, estudos recentes têm levantado dúvidas sobre a segurança dos suplementos de cálcio a este respeito. Com o objetivo de apresentar dados sobre o risco cardiovascular de uso suplementos de cálcio e contrastá-los com os de sua eficácia para a prevenção de fraturas, foi realizada uma revisão dos estudos e revisões sistemáticas publicadas sobre o tema. O resultado desse trabalho foi apresentado no Boletín de Información Terapéutica de Navarra, intitulado Suplementos de calcio: ¿lo estamos haciendobien?. As conclusões do autor referem que o uso de suplementos de cálcio pode aumentar o risco cardiovascular. Uma metanálise de Mao PJ et al, concluiu que a suplementação de cálcio pode aumentar o risco de eventos cardiovasculares maiores, infarto  do miocárdio e AVC quando comparados a placebo nestes pacientes. De acordo com a análise de subgrupos, os homens parecem ter mais efeitos prejudiciais com a suplementação do cálcio do que as mulheres.
Os dados disponíveis sobre a suplementação de cálcio associada à vitamina D não são consistentes e, portanto, não permitiram concluir se a associação também pode aumentar o risco cardiovascular, mas que pode aumentar a incidência de cálculos renais.
Clique aqui para ler o boletim na íntegra e conferir as considerações sobre a eficácia dos suplementos de cálcio na prevenção de fraturas ósseas e sobre os riscos envolvidos com esse tipo de tratamento.

Boa leitura,
Equipe CIM-RS

Este material foi elaborado pela aluna de graduação em Farmácia Fabíola Misturini Dalarosa, e revisado pelas farmacêuticas Clarissa Ruaro Xavier e Tatiane da Silva Dal Pizzol.


Fontes:

1. GARJÓN, J. Suplementos de calcio: ¿lo estamos haciendobien? Boletín de InformaciónFarmacoterapéuticade Navarra, v.20, nº 3, maio-junho 2012.

2. Effect of calcium or vitamin D supplementation on vascular outcomes: a meta-analysis of randomized controlled trials, Int J Cardiol. 2013 Oct 30;169(2):106-11; Mao PJ et al.

2 de mar. de 2015

Melatonina: o sonífero natural?

Os distúrbios relacionados ao sono são muito comuns e atingem milhares de pessoas. A discussão é ampla: inclui o tempo de latência até dormir, a duração do sono e a qualidade do sono. Percebe-se que o uso de equipamentos eletrônicos e o estimulo de luz duas horas antes de dormir causa um desequilíbrio na produção do hormônio melatonina, prejudicando a qualidade do sono. Além disso, outros fatores como preocupações e estresse também estão relacionados.
Alguns estudos têm avaliado a efetividade da melatonina em relação ao jet lag, descrito em inúmeros estudos e definido como desequilíbrio do ritmo circadiano normal resultante de viagem em velocidade subsônica ou supersônica através de um numero variável de fusos horários, que leva a vários distúrbios como fadiga e irritabilidade.
A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal. Quando a noite vai chegando, sinais neuronais interagem com receptores da retina e do sistema nervoso central, estimulando a liberação de noradrenalina que induz a transformação de serotonina em melatonina. Este hormônio é secretado durante a noite e parece estar relacionado a múltiplas funções no nosso organismo como regulação do ciclo circadiano, indução de sono, efeito antioxidante e ainda contribui na proteção de doenças como câncer.
Com a finalidade de manejar distúrbios relacionados ao sono, muitos estudos têm investigado o uso de comprimidos de melatonina para regular o sono. Uma vez que a melatonina apresenta um tempo de meia vida em humanos de 40-50 minutos, uma forma de liberação prolongada com resinas de metacrilato foi desenvolvida para obter um período de 8 a 10 horas de liberação de melatonina.
Além do uso de comprimidos de melatonina no manejo de insônia e do ciclo circadiano, a melatonina pode ser utilizada como adjuvante na terapia do câncer e como inibidor da progressão de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer.
Este medicamento ainda não foi aprovado pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária(ANVISA) e pela Agência Americana de Regulamentação de Medicamentos e Alimentos (FDA), no entanto a Agência Européia de medicamentos (EMA) já autorizou a comercialização.

          Para saber mais sobre a melatonina e sus influência no sono, clique aqui e confira o número do Boletín de Información Farmacoterapéutica de Navarra: Melatonina para transtornos do sono.

Boa leitura,
Equipe CIM-RS

Este material foi elaborado pela aluna de graduação em Farmácia Ana Luiza Carvalho, e revisado pelas farmacêuticas Clarissa Ruaro Xavier e Tatiane da Silva Dal Pizzol.

Fontes:
1.       www.bit.navarra.es ENE-MAR 2014 VOLUMEN 22, Nº 1
2.       European Food Safety Authority. Scientific opinion on the substantiation of a health claim related to melatonin and reduction of sleep onset latency (ID 1698, 1780, 4080) pursuant to article 13(1) of regulation (EC) No 1924/2006. EFSA Journal 2011;9:2241. http://www.efsa.europa.eu/en/search/doc/2241
3.       http://www.medscape.com/
7.       portal.anvisa.gov.br
8.