27 de out. de 2014

Horário de funcionamento do centro

Informamos que na semana de 27 a 31 de outubro, o CIM-RS estará atendendo apenas no turno da manhã, das 08:00 às 12:00.
Salientamos que no dia 28 de outubro, em virtude do dia do Servidor Público, não haverá atendimento no CIM-RS.
Nossos usuários poderão encaminhar suas questões por e-mail que serão respondidas assim que possível.

Atenciosamente,
Equipe CIM-RS

10 de out. de 2014

Metilfenidato e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade

O número de crianças e adolescentes com diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) cresceu nos últimos anos, com estimativas de prevalência no Brasil variando entre 0,9% e 26,8%. Em matéria publicada no jornal Zero Hora, em 11 de agosto de 2014, a psicóloga Denise Barros afirma que especialistas acreditam que o elevado número de diagnósticos se deve ao aumento da divulgação da doença e do número de pessoas que passaram a ter acesso ao tratamento
O diagnóstico do TDAH é essencialmente clínico e subjetivo, devendo considerar o histórico de comportamento do paciente, em que os sintomas, obrigatoriamente, levam a algum tipo de dificuldade ou impedimento para a realização de tarefas. O diagnóstico deve excluir outras doenças, problemas socioambientais e deve, também, diferenciar o TDAH de padrões típicos de comportamento da faixa etária e os apresentados pelos indivíduos. A Associação Brasileira de Déficit de Atenção assume que o TDAH é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida.
No entanto existem evidências de que crianças que não possuem TDAH estariam sendo medicadas e sem necessidade, conforme edição do Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde (BRATS) sobre o tema. Um fator que pode contribuir para o excesso de diagnósticos de TDAH, é que os sintomas sugestivos dessa doença são comuns em crianças e jovens e frequentemente identificados por seus pais, professores ou médicos. O tratamento pode contar com intervenções sociais, psicológicas, comportamentais e farmacológicas. O medicamento mais utilizado é o metilfenidato, um agente estimulante do sistema nervoso central, indicado como adjuvante às intervenções destinadas ao tratamento de distúrbios de hiperatividade.
            Recentemente, circulou na imprensa, uma notícia sobre o aumento de 775% no consumo de metilfenidato no Brasil, nos últimos 10 anos. A notícia faz referência à tese de doutorado da psicóloga Denise Barros, que compilou dados dos relatórios anuais sobre substâncias psicotrópicas da Junta Internacional de Controle de Narcóticos, órgão vinculado às Nações Unidas. Segundo dados da Anvisa, o número de caixas de metilfenidato vendidas no Brasil passou de 2,1 milhões em 2010 para 2,6 milhões em 2013. 
            A elevação do consumo de metilfenidato pode ser atribuída ao aumento de prescrições para pacientes diagnosticados com TDAH, a prescrições decorrentes de diagnósticos imprecisos, e também ao uso não prescrito com finalidades de aprimoramento cognitivo ou recreação. Considerando que o metilfenidato possui um alto potencial para abuso e dependência e o risco de reações adversas importantes, diagnósticos equivocados, em que dificuldades de desempenho podem estar sendo confundidos com doença, e à pratica do consumo indevido, se faz necessária a discussão sobre o uso racional do medicamento.
            Cabe ressaltar que o metilfenidato consta no rol dos psicotrópicos - lista A3 - da Portaria SVS/MS n° 344, de 12 de maio de 1998, e sua venda está condicionada à retenção da notificação de receita.
Considerando a necessidade de discussão sobre o uso racional do metilfenidato, recomendamos a leitura do Boletín de Información Farmacoterapéutica de Navarra sobre TDAH e seu tratamento, que apresenta uma análise crítica da evolução do diagnóstico e uma revisão dos aspectos de eficácia e segurança do tratamento farmacológico.

Boa leitura,
Equipe CIM-RS.


Fontes:
- MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. BRATS - Boletim Brasileiro de Avaliação de Tecnologias em Saúde. Metilfenidato no tratamento de crianças com transtorno de déficit de atenção e hiperatividade. Ano VIII nº 23 - março de 2014. Disponível em: http://200.214.130.94/rebrats/publicacoes/brats23.pdf. Acesso em: 08 out. 2014.

- Consumo de Ritalina no Brasil cresce 775% em dez anos. Zero Hora (versão on line). Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticia/2014/08/consumo-de-ritalina-no-brasil-cresce-775-em-dez-anos-4572462.html. Acesso em: 08 out. 2014.