24 de fev. de 2017

PROFILAXIA PRÉ-EXPOSIÇÃO AO HIV - PrEP


Esta manchete nos fez refletir:
“Taxa de mortalidade envolvendo HIV no RS é o dobro da nacional”
Uma estratégia em potencial para mudar esta realidade é a profilaxia pré-exposição ou PrEP, que consiste  no uso de medicamentos antirretrovirais para prevenir a infecção pelo HIV por pessoas não infectadas. É tomado antes da exposição aos veículos de transmissão, por exemplo, quando o ato sexual com pessoas sorodiscordantes é consumado sem o preservativo1. Não trata-se de cura, mas é uma estratégia terapêutica de prevenção.
 A OMS disponibiliza orientações sobre a PrEP para pessoas sorodiscordantes, homens, mulheres que fazem sexo com homens em alto risco de exposição ao HIV e transgêneros. Disponível  aqui.
O Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) negou recentemente o pedido de patente do medicamento usado para prevenir a infecção pelo vírus HIV. O antirretroviral, Truvada®, combina dois fármacos, o tenofovir e a entricitabina, e é a base de uma nova linha de prevenção ao HIV. Com esta negativa, o medicamento poderá ser produzido como genérico, facilitando o acesso por parte da população.
Mas será que este manejo farmacológico realmente é efetivo no controle e prevenção da epidemia de HIV?
Em uma revisão sistemática de 2012, realizada pela Cochrane, a profilaxia pré-exposição reduziu o risco de adquirir HIV em indivíduos em exposição, incluindo pessoas em relações sorodiscordantes, homens que fazem sexo com homens e outros homens e mulheres em alto risco2.
Pesquisadores da Dean Sreet, em Soho, no centro de Londres, a maior clínica de saúde sexual no Reino Unido, perceberam uma queda sem precedentes de 40% no número de novos diagnósticos de HIV2.
Dr. Ian Williams, do Mortimer Market Centre, confirmou que lá também foi constada a mesma queda. Já a clínica do Hospital St Thomas registrou uma estabilização nos novos diagnósticos2.
A PrEP pode ser tomada por via oral, utilizando  dois antirretrovirais disponíveis para tratamento da infecção pelo HIV, ou topicamente como um gel vaginal. A eficácia da PrEP oral foi demonstrada em quatro ensaios clínicos controlados randomizados e é elevada quando o medicamento é utilizado conforme indicado. Já o gel vaginal teve eficácia moderada, conforme demonstrou um ensaio clínico.
O CIM-RS, em nenhum momento, afirma que o PrEP substitui o uso de preservativos, inúmeras outras doenças são transmitidas pelo ato sexual e podem ser prevenidas pelo o uso do preservativo. 


Texto elaborado por Acadêmico Iago Christofoli
Revisado por Clarissa Ruaro Xavier
  1. Word Health Organization. HIV/AIDS. Disponível em: http://www.who.int/hiv/topics/prep/en/. Consultado em: 21/02/2017
  2. Cochrane.  Antiretroviral  pre-exposure prophylaxis (PrEP) for preventing  HIV in high-risk individuals. Disponível em:  http://www.cochrane.org/CD007189/HIV_antiretroviral-pre-exposure-prophylaxis-prep-for-preventing-hiv-in-high-risk-individuals  Acesso: 21/02/2017.






23 de fev. de 2017

EXPEDIENTE NO CARNAVAL

   
   Comunicamos que em virtude das comemorações do carnaval, o CIM-RS não terá expediente nos dias 27 e 28 de fevereiro e 1º de março.
   As demandas enviadas no período serão retomadas no dia 02 de março.

  Antes de caírem no samba, não deixem de conferir nossa publicação desta sexta-feira (24/02/2017)!!!
 
Atenciosamente
Equipe CIM-RS



17 de fev. de 2017

Acupuntura funciona?


ACUPUNTURA X OSTEOARTRITE

Há 28 anos, em março de 1988, o Governo Federal implantou oficialmente a Acupuntura nos serviços públicos de saúde, através da Resolução 05/88/CIPLAN - Comissão Interministerial de Planejamento e Coordenação.
Atualmente, sete conselhos profissionais reconhecem a acupuntura como especialidade, são eles: CFM (Conselho Federal de Medicina); COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional); COFEN (Conselho Federal de Enfermagem); CFFa (Conselho Federal de Fonoaudiologia); CFF (Conselho Federal de Farmácia); CFP(Conselho Federal de Psicologia); e o CFBM (Conselho Federal de Biomedicina)1.
Dentro da concepção da medicina chinesa, a doença é uma manifestação de desequilíbrio energético, e a acupuntura seria uma forma de restabelecer a harmonia perdida, por meio da inserção de agulhas em pontos específicos do corpo1.  
A osteoartrite consiste na degeneração da cartilagem e do osso subjacente2. A acupuntura é uma alternativa eficaz e segura aos medicamentos alopáticos nessa condição clínica?
Em uma revisão sistemática, David Scott, no ano de 2007, encontrou resultados que apontam para o alívio da dor pelo uso de anti-inflamatórios não-esteroidais por pacientes com osteoartrite do joelho, em curto prazo. Entretanto, o uso frequente de anti-inflamatórios pode resultar em eventos adversos importantes. Por outro lado, um conjunto de evidências sugere que a acupuntura é capaz de aliviar os sintomas da osteoartrite do joelho, sem ocasionar eventos adversos relevantes. O mecanismo de ação da acupuntura permanece obscuro, e isso dificulta sua aceitação generalizada2.
Pesquisadores concluíram, em uma meta-análise que avaliou a permanência dos benefícios da acupuntura em pacientes com dor crônica, que os efeitos perduram por até 12 meses4.
Os resultados de um ensaio clínico conduzido por Yan Zhang, em 2016, demonstraram que a acupuntura pode ser uma alternativa eficaz no alívio da dor e na recuperação da cartilagem em pacientes com osteoartrite no joelho, sugerindo inclusive um efeito clínico superior quando comparado com a fisioterapia3.
Consultando a base Cochrane de revisões sistemáticas e outras bases de dados, como PubMed e Embase, é evidente o baixo número de ensaios clínicos randomizados de qualidade existentes sobre o tema, resultando em revisões sistemáticas e meta-análises inconclusivas em sua maioria. No entanto, ausência de evidência não significa necessariamente ausência de efeito. Portanto, é de suma importância que mais estudos controlados de boa qualidade sobre segurança e efetividade sejam realizados.

Texto elaborado por Acadêmico Iago Christofoli
Revisado por Clarissa Ruaro Xavier

REFERÊNCIAS
  1. Associação Brasileira de Acupuntura. Disponível em: http://www.abapuntura.com.br/. Acesso em: 17/02/2017
  2. David Scott e Anna Kowalczyk. Osteoarthritis of the knee.  BMJ, clinical evidence. 1121, 2007.
  3. Yan Zhang, Fei Bao, Yan Wang, e Zhihong Wu. Influence of acupuncture in treatment of knee osteoarthritis and cartilage repairing. America Jounal of Translational Research. Ed.: 8(9), páginas 122-129, 2016.
  4. MacPherson H, Vertosick EA, Foster NE, Lewith G, Linde K, Sherman KJ, Witt CM, Vickers AJ; Acupuncture Trialists. The persistence of the effects of acupuncture after a course of treatment: A meta-analysis of patients with chronic pain. The journal of the International Association for the Study of Pain, 17, páginas 10-17, 2016.


10 de fev. de 2017

Afinal, posso abrir a cápsula de omeprazol?

   
Preparações extemporâneas são formulações que alteram a forma farmacêutica de um medicamento para atender demandas e necessidades específicas de paciente especiais. Frequentemente, omeprazol faz parte do tratamento de pacientes sondados ou com disfagia. Dadas as dificuldades de deglutição destes pacientes, as preparações extemporâneas, a partir de cápsulas de omeprazol, são muito usadas.
Omeprazol é utilizado pelos pacientes nas suas residências, na forma de cápsulas. Da mesma forma, nos hospitais, geralmente, está padronizado em cápsula e nessas situações o omeprazol precisa ser alterado para uma suspensão.
Posso abrir a cápsula do omeprazol?
A estabilidade do omeprazol é dependente do pH1,2,3. O fármaco sofre rápida degradação em meio ácido, mas tem uma estabilidade aceitável em condições alcalinas2,3. Exibe estabilidade máxima em pH 11 e decompõe rapidamente abaixo de pH 7,83.
Para administração dos grânulos através de sonda nasogástrica em ambientes hospitalares, são descritas na literatura preparações em que o conteúdo das cápsulas é disperso em bicarbonato de sódio 8,4% ou água.1,2.
Para preparo de uma suspensão extemporânea de omeprazol 2mg/mL, adiciona-se o conteúdo de 10 cápsulas de 20 mg de omeprazol em 100 mL de uma solução de bicarbonato de sódio 8,4%4,5,6 agitar por alguns minutos4,5,6(15 minutos3), proteger da luz4,5; a preparação é estável por 14 dias em temperatura ambiente e 45 dias sobre refrigeração4,6. Em outra fonte é relatado que a suspensão permanece estável por até 7 dias sob refrigeração5.
A decomposição do omeprazol resulta na alteração da cor da suspensão. A cor amarela não significa suspensões inaceitáveis, no entanto, suspensão com as cores amarela escura, laranja, púrpura, marrom ou preto não devem ser utilizadas.

Em casa, aos pacientes com dificuldade de deglutição, as cápsulas1,2,3,7 têm sido abertas e misturadas1,2,3,7 com uma pequena quantidade1,2 de suco de frutas1,2,3 ácidas, como laranja1,2, purê de maçã frio,7 ou até mesmo iogurte3. Tomar um copo de água fria em seguida1,7. Esta alternativa é considerada útil para preservar a integridade do fármaco até alcançar o ambiente alcalino do duodeno3. Os pacientes devem ser instruídos a não mastigar os grânulos1,2,7 e que também não devem misturá-los com leite antes da administração2.

Texto elaborado por Acadêmico Iago Christofoli
Revisado por Farm. Clarissa Ruaro Xavier
  1. DRUGDEX® System. MICROMEDEX® Truven Health Analytics. The Healthcare Business of Thomson Reuters. Disponível em: http://www.micromedexsolutions.com/home/dispatch. Acesso em: 10/02/2017
  2. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010 / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
  3. TRISSEL, L. A. Trissel’s - Stability of Compounded Formulations. 4.ed. Washintong: American Pharmaceutical Association, 2009.
  4. JACKSON, M.,LOWEY, A. Handbook of Extemporaneous Preparation. Chicago: PhP, 2010.
  5. SNOKE, J. et al. Drug Information Handbook. 23. ed. Hudson: Lexi-comp, 2014.
  6. White, R., Bradman, V. Handbook of Drug Administration Via Enteral Feeding Tubes. Ed. RPS Publishing, 2007.
  7. MCEVOY, G. K. (Ed.) AHFS Drug Information. Bethesda: ASPH, 2014.

8 de fev. de 2017



     Comunicamos que na próxima sexta-feira dia 10 de fevereiro, o CIM-RS não atenderá demandas enviadas, mas fiquem todos atentos, haverá nova publicação no BLOG.
        Os questionamentos enviados nesta data, serão retomados na segunda-feira dia 13.

Atenciosamente 

Equipe CIM-RS


3 de fev. de 2017

Loratadina prescrita mais de uma vez ao dia, e agora?


PERGUNTE AO CIM
            É racional usar loratadina 10mg mais de uma vez ao dia?
            Loratadina é um anti-histamínico de longa ação (o tempo de meia-vida mais longo permite a administração em dose única diária1), indicado para asma alérgica2,4, urticária e rinite alérgica1,2,4,5,6.
            A dose oral recomendada é de 10mg uma vez ao dia1,2,3,4,5,6, e, alternativamente2,3,6 para rinite alérgica em adultos e crianças2,6 com 6 anos ou mais6, de 5mg a cada 12 horas2,3,6.            
            É relatado que, quando 10mg de loratadina são administradas em dose diária única ou múltipla, o efeito antialérgico persiste por 24h ou mais4,5,6,7; contudo, a duração do efeito varia conforme a dose.
            Em um estudo com pessoas saudáveis recebendo 10mg, 20mg, ou 40mg de loratadina duas vezes ao dia por 28 dias, a melhora da urticária induzida por loratadina persistiu por pelo menos 12h após a administração da primeira dose do medicamento e por pelo menos 32h, 36h ou 48h após a administração da última dose de 10mg, 20mg, ou 40mg, respectivamente. Em outro estudo em adultos saudáveis recebendo dose única diária de loratadina, a melhora da urticária induzida por loratadina persistiu por 12h após dose oral de 10mg, enquanto a melhora com doses de 40mg e 80mg foi maior, chegando a 48 horas6.
            Portanto, apesar de suas características farmacocinéticas permitirem a administração de dose diária única, para que haja um efeito prolongado, a loratadina pode ser prescrita em doses superiores a 10mg ao dia e inclusive mais de uma vez ao dia, dependendo da situação clínica e a critério de um médico ou farmacêutico.
Texto elaborado por Acadêmico Iago Christofoli
Revisado por Prof. Farm. Tatiane da Silva Dal Pizzol

  1. DUNCAN, B.B.; SCHMIDT, M.I.; GIUGLIANI, E.R.J.; Medicina Ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
  2. DRUG Facts and Comparisons. 2014 Edition. St.Louis: Facts and Comparisons, 2013.
  3. SWEETMAN S. (Ed), Martindale: the complete drug reference. London: Pharmaceutical Press. Electronic version, Greenwood Village, Colorado: Truven Health Analytics. The Healthcare Business of Thomson Reuters. Disponívelem: http://www.micromedexsolutions.com/home/dispatchAcesso em: 31/01/17.
  4. DRUGDEX® System. MICROMEDEX® Truven Health Analytics. The Healthcare Business of Thomson Reuters. Disponível em: http://www.micromedexsolutions.com/home/dispatch. Acesso em:03/01/2017.
  5. SNOKE, J. et al. Drug Information Handbook. 23. ed. Hudson: Lexi-comp, 2014.
  6. MCEVOY, G. K. (Ed.) AHFS Drug Information. Bethesda: ASPH, 2014