24 de set. de 2013

Segurança cardiovascular dos AINEs


Os anti-inflamatórios não-esteroides (AINE) possuem propriedades analgésica, antitérmica, anti-inflamatória e antitrombótica. Atuam reduzindo a síntese de prostaglandinas pela inibição das cicloxigenases (COX-1 e COX-2), podendo atuar em ambas (não-seletivos), ou seletivamente na COX-2.  São medicamentos para tratamentos sintomáticos,  e não interferem com a história natural das doenças inflamatórias.
Seu uso é muito difundido em todo o mundo e, muitas vezes, é empregado de forma equivocada em situações em que há dor predominante, sem sinais clínicos de inflamação, na crença de que o efeito analgésico dos AINE seja superior ao de simples analgésicos. No entanto, em doses únicas, AINEs tem a mesma eficácia analgésica que paracetamol.
A eficácia entre os diferentes AINEs é semelhante, entretanto, as respostas individuais podem variar, principalmente quanto a incidência de efeitos adversos. Por exemplo, os inibidores seletivos de COX-2, denominados coxibes, apresentam menos efeitos gastrintestinais, porém o risco cardiovascular é maior. Uma vez que a eficácia é similar, a escolha deve basear-se em outros critérios: condições clínicas do paciente, toxicidade relativa, conveniência para o paciente (número de administrações diárias), custo e experiência de emprego.
A Agência Espanhola de Medicamentos e Produtos Sanitários publicou nota informativa abordando o risco cardiovascular dos seguintes AINEs: naproxeno, ibuprofeno e diclofenaco. De acordo com a nota, naproxeno é o que apresenta mais problemas gastrintestinais, porém diclofenaco possui maior risco cardiovascular que os outros. Para mais informações, acesse a nota informativa clicando aqui.
Recomendamos, também, a leitura do informativo do Ministério da Saúde “Uso Racional de Medicamentos – Temas Selecionados nº 05”, sobre o uso racional de anti-inflamatórios não esteroides. Boa leitura,

Equipe CIM-RS.

Fontes: 
- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010 / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
- BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Uso Racional de Medicamentos: temas selecionados / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
- WANNMACHER, L. Antiinflamatórios e Medicamentos Utilizados no Tratamento da Gota. In: BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2008: Rename 2006 / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 
- SCHENKEL, E. P.; MENGUE, S. S.; PETROVICK, P. R. Cuidados com os Medicamentos. 5. ed. ver. Florianópolis: Ed. da UFSC, 2012. 
- BATLOUNI, M. Anti-inflamatórios não esteróides: efeitos cardiovasculares, cérebro-vasculares e renais. Arq Bras Cardiol 2010;94(4): 556-563.

17 de set. de 2013

Pergunte ao CIM-RS: diferença de potência entre omeprazol e pantoprazol


Os inibidores da bomba de prótons (IBP), como omeprazol e pantoprazol, são medicamentos antissecretores, ou seja, reduzem a secreção de ácido gástrico. São os medicamentos mais efetivos no tratamento de doenças gastrintestinais como refluxo gastroesofágico e úlcera gástrica ou duodenal. O aumento de indicações, a alta prevalência dessas patologias e o longo período de tempo de administração requerido para algumas delas, faz do grupo terapêutico um dos mais prescritos.
Omeprazol e pantoprazol possuem algumas diferenças que podem influenciar na decisão do médico por prescrever um ou outro. O pantoprazol, por exemplo, leva a menos interações medicamentosas por ser metabolizado por uma enzima citosólica, além do sistema de citocromo P450 que é comum aos outros fármacos da classe. Assim, poderia ser preferido em relação ao omeprazol no caso de tratamentos prolongados e com utilização de benzodiazepínicos como o diazepam. O omeprazol, porém, pela consolidada experiência clínica e menor custo, é preferencialmente prescrito.
É descrito que os representantes da classe IBP são similares entre si quando utilizados em doses equipotentes.  Em razão disso, um aspecto a ser considerado para a prescrição desses dois medicamentos é a potência. Na maioria dos regimes terapêuticos propostos, as doses recomendadas são 20 mg de omeprazol e 40 mg de pantoprazol. Pode-se dizer que esses medicamentos, nessas doses, são equivalentes? Nesse contexto, o “Pergunte ao CIM-RS” dessa semana responde “Qual a diferença de potencial de ação entre pantoprazol e omeprazol? Dose de 40mg de pantoprazol é equivalente a 20mg de omeprazol?”. Confira a resposta na íntegra, clicando aqui.
Boa leitura,
Equipe CIM-RS. 
Fontes:
 1.    KIRCHHEINER, J.; et al. Relative potency of proton-pump inhibitors-comparison of effects on intragastric pH. Eur J Clin Pharmacol. 2009 Jan;65(1):19-31.
2.     DIPIRO, J. T. et al. Pharmacotherapy: a pathophysiologic approach. 8.ed. New York: McGrawHill, 2011.
3.     HERRERA, M. C. et al. Inhibidores de la Bomba de Protones: ¿Cuál Debo Usar?. Boletín Farmacoterapéutico de Castilla-La Mancha. 2007.

10 de set. de 2013

Paracetamol - Associação com o risco de reações cutâneas graves


A agência americana FDA (Food and Drug Administration) publicou um alerta sobre reações cutâneas raras, porém graves relacionadas ao uso de paracetamol, analgésico amplamente utilizado em todo o mundo. Embora raras, as possíveis reações relacionadas ao uso de paracetamol são: pustulose exantemática aguda generalizada (PEAG), síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) e necrólise epidérmica tóxica (NET), sendo que as duas últimas geralmente necessitam de hospitalização e podem ser letais.
As reações geralmente começam com sintomas de gripe, seguidos por erupção cutânea, bolhas e lesões extensas à superfície da pele. A recuperação pode levar semanas ou meses, e possíveis complicações incluem cicatrizes, mudanças na cor da pele, cegueira e danos aos órgãos internos. As pessoas que desenvolverem erupção cutânea ou outra reação na pele ao tomar paracetamol devem interrromper o uso do medicamento e procurar atendimento médico imediato. Indivíduos que já apresentaram alguma reação cutânea após utilizar o paracetamol não devem utilizar esse medicamento novamente.
O FDA ressalta que esta nova informação não se destina a preocupar consumidores ou profissionais de saúde, nem a estimular a escolha de outros medicamentos, mas permitir o reconhecimento dos sintomas iniciais raros, afim de que se evitem os efeitos secundários graves, que são potencialmente fatais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa esclarece que, até o momento, não houve geração de sinal de risco sanitário, no banco de dados do sistema de notificação da agência, relacionado ao uso do paracetamol e a ocorrência das reações cutâneas graves mencionadas neste alerta.
Outros medicamentos usados para tratar dor e febre, tais como anti-inflamatórios não-esteróides (AINEs), incluindo o ibuprofeno e naproxeno, e dipirona, muito utilizada no Brasil, já carregam advertências sobre o risco de reações cutâneas graves.
A Anvisa reforça ainda a necessidade da promoção do uso seguro e racional de medicamentos e solicita aos profissionais de saúde que notifiquem especialmente as suspeitas de reações adversas graves a qualquer medicamento pelo sistema NOTIVISA, disponível em http://www.anvisa.gov.br/hotsite/notivisa/index.htm.
Para ler o alerta publicado pelo FDA na íntegra, clique aqui.  

Boa leitura,
Equipe CIM-RS.


- Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. Disponível em: www.anvisa.gov.br. 
-  FDA Drug Safety Communication. Disponível em: http://1.usa.gov/15jGt2v.               

3 de set. de 2013

Pergunte ao CIM-RS: medicamentos para aumentar a produção de leite


As vantagens e a importância do aleitamento materno são bem conhecidas. Amamentar é muito mais do que alimentar a criança. Envolve uma interação entre mãe e filho que interfere no estado nutricional do bebê, em seu desenvolvimento cognitivo e emocional, e em sua qualidade de vida. A amamentação reduz a mortalidade infantil, as hospitalizações, doenças crônicas e obesidade.
Dentre as dificuldades mais frequentemente relatadas pelas mães está a baixa produção de leite. Nesses casos, existem algumas medidas que podem aumentar o volume de leite produzido, como a técnica adequada, uma maior frequência de mamadas e o esvaziamento adequado das mamas. Entretanto, existem situações em que essas medidas são insuficientes, e para isso alguns medicamentos, chamados galactagogos, podem estimular o maior suprimento de leite.
Entretanto, sempre que medicamentos forem utilizados durante a lactação, a relação risco X benefício deve ser avaliada. Muitos fármacos acabam sendo transferidos para o leite, podendo levar ao aparecimento de reações adversas no bebê. Nesse contexto, o “Pergunte ao CIM-RS” dessa semana responde: “Qual a segurança da utilização de sulpirida quando utilizada para estimular a excreção de leite na amamentação?”. Confira a resposta na íntegra, clicando aqui.
Para saber mais sobre o uso de medicamentos para estimular a produção de leite, clique aqui e acesse artigo de revisão intitulado “Uso de galactagogos na prática clínica para o manejo do aleitamento materno”.

Boa leitura,
Equipe CIM-RS.


Fontes: - DUNCAN, B.B.; SCHMIDT, M.I.; GIUGLIANI, E.R.J.; Medicina Ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
                - BRASIL, Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Formulário terapêutico nacional 2010: Rename 2010 / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência Tecnologia e Insumos Estratégicos, Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos. Brasília: Ministério da Saúde, 2010.
                - CHAVES, R.G.; et al. Uso de galactagogos na prática clínica para o manejo do aleitamento materno / Use of galactagogues in the practical clinical for the management of breastfeeding. Rev. méd. Minas Gerais; 18(4,supl.1): S146-S153, nov. 2008.
                - ZUPPA, A.A.; et al. Safety and Efficacy of Galactogogues: Substances that Induce, Maintain and Increase Breast Milk Production. J Pharm Pharmaceut Sci (www.cspsCanada.org) 13(2) 162 - 174, 2010.