Os inibidores da bomba de
prótons (IBPs) constituem uma das classes de medicamentos mais prescritas no
mundo, pois combinam um alto nível de eficácia com baixa toxicidade. Sua
eficácia no tratamento de doenças relacionadas à acidez gástrica e a diversidade
de formulações genéricas disponíveis para venda levam a um aumento do consumo e
prescrições.1
Esses medicamentos
suprimem a secreção de ácido gástrico por meio de inibição específica da enzima
H+/K+- ATPase, reduzindo em até 95% a produção diária de ácido gástrico, sendo
bem tolerados.2
A vitamina B12 é importante para a formação e
maturação das hemácias, além de ser necessária para o desenvolvimento e
manutenção das funções do sistema nervoso. Sua principal fonte são os alimentos
de origem animal. No entanto, para absorvê-la, o corpo depende de fatores
intrínsecos presentes em um tipo especial de células que ficam no estômago
(células parietais). Em casos de deficiência de vitamina B12, pode ocorrer
anemia, acompanhada ou não por dificuldade de locomoção, formigamentos nas
mãos, pés e pernas, palidez, fraqueza muscular, infertilidade, demência, dentre
outros sintomas.
Todavia, como a ingestão
de vitamina B12 é ligada a proteína e sua liberação a partir de alimentos é
facilitada pela presença de ácido gástrico, há uma preocupação de que a terapia
com IBP possa resultar em má-absorção de vitamina B12, o que gera dúvidas
sobre a segurança do uso contínuo desses medicamentos.
Um estudo de revisão publicado na Opinion in Gastroenterology (Dez/2012)
revelou uma significativa diminuição da absorção de vitamina B12 em
pacientes sob uso crônico de omeprazol.A preocupação se torna maior em
pacientes idosos, desnutridos e com o uso continuado dessa classe de medicamento
.Dessa forma, destaca-se a importância de uma dieta alimentar rica em
vitaminas, evitando a possível deficiência.3
Um outro estudo caso
controle realizado na Califórnia em 2011 e divulgado pelo The Journal of
the American Medical Association (JAMA) comparou pacientes com deficiência de
Vitamina B12 com pacientes sem esse transtorno, mostrando que pessoas que tomaram omeprazol por
mais de 2 anos tinham 65% mais chances de ter níveis baixos de vitamina B12.
Deve-se destacar que essa associação foi mais significativa em mulheres e com
idade menor que 30 anos, diminuindo após a interrupção do uso.4
Esses dados apontam para a importância da monitorização pelos
profissionais de saúde em relação a potenciais complicações clínicas da
deficiência de vitamina B12 associada ao uso do omeprazol, uma vez que pode
passar despercebida e é facilmente corrigida. Recomenda-se então a
monitorização dos níveis dessa vitamina e a administração desse fármaco apenas
com prescrição médica e acompanhamento de um profissional de saúde, além
de manter uma alimentação saudável, rica em vit. B12; presente em
alimentos de origem animal, especialmente peixes de águas frias e
profundas, como salmão, truta e atum, fígado, carne de porco, leite e
derivados, ovos e ostras.5