
Quando se fala em antimicrobianos surge a
preocupação com a resistência1. A resistência a esses medicamentos se
dá quando há a multiplicação das bactérias em concentrações maiores que as
doses terapêuticas usuais2. As bactérias alteram seu material genético (DNA),
tornando-se resistentes, o que pode ocorrer de duas maneiras: pela indução de
uma mutação no DNA da bactéria ou através da introdução de um DNA estranho1.
Vários fatores são indicados como responsáveis pela
resistência, entre eles: o uso inadequado dos antimicrobianos e a não adesão às
recomendações para a prevenção da transmissão de microrganismos1.
Há também consequências decorrentes da má utilização dos antimicrobianos, como
o aumento da morbidade e da mortalidade, prolongamento da internação hospitalar
e a elevação dos custos de tratamento1. A resistência
bacteriana é frequente nas unidades de terapia intensiva (UTI) e tem aumentado
nos últimos anos1.
Para evitar a resistência, intervenções devem ser
realizadas envolvendo os indivíduos (pacientes, prescritores e dispensadores) e
as instituições. Elas podem ser divididas em três níveis de atuação:
individual, institucional e do Estado. Dentre as intervenções individuais para
pacientes destacam-se: a educação para o uso correto de antimicrobianos, educação
sobre medidas preventivas contra infecções e desestímulo à automedicação com
antimicrobianos. Já as intervenções individuais para prescritores e
dispensadores contemplam a educação sobre a importância do uso adequado dos
antimicrobianos, estímulo ao desenvolvimento e uso de protocolos e algoritmos
de tratamento para promover o uso adequado, estímulo a lavagem de mãos entre as
visitas aos pacientes e familiarização com os dados locais a respeito da
resistência a antimicrobianos. No âmbito institucional e do Estado, as
principais intervenções são: a criação de uma Comissão de Controle de
Infecções, estímulo a educação permanente dos profissionais de saúde, difusão
de dados sobre eficácia e segurança e custo de antimicrobianos, entre outros2.
A Necessidade de Novos Antimicrobianos
Aproximadamente 200.000 pessoas morrem a cada ano
em decorrência da resistência a múltiplas drogas e tuberculose extremamente
resistente a drogas. Estima-se que, atualmente, 700.000 mortes estejam
relacionadas à resistência a antimicrobianos e que esse número passará para 10
milhões em 2050. Pouquíssimos novos antibióticos chegaram ao mercado nas duas
últimas décadas; uma das razões é a dificuldade de desenvolver novas drogas,
principalmente contra organismos Gram-negativos, outra razão é o pouco
investimento nesse setor, tanto público como privado3.
Com o passar dos anos diminuiu significativamente a
quantidade de novos antimicrobianos colocados no mercado. Entre 2008 e 2012, a
agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA), responsável por
aprovar novos medicamentos nos Estados Unidos, aprovou o uso de apenas duas
novas entidades moleculares de antimicrobianos4.
Para acessar mais informações presentes em relatório publicado recentemente sobre a situação global da resistência a antimicrobianos, clique aqui.
Texto elaborado por Jacqueline Weis Bonfanti
Revisado por Tatiane da Silva Dal Pizzol
REFERÊNCIAS
1. http://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/modulo1/objetivos.htm. Acessado em 19 de maio de 2016.
2. http://www.cff.org.br/sistemas/geral/revista/pdf/13/farmacoterapeutica.pdf. Acessado em 19 de maio de 2016.
3. O’Neill, Jim. TACKLING DRUG-RESISTANT INFECTIONS GLOBALLY: FINAL REPORT AND RECOMMENDATIONS. The Review on Antimicrobial Resistance. 2016, Maio. Disponível em: http://goo.gl/IhEqso. Acessado em 24 de maio de 2016.
4. Infectious Desease Society of America. Combating Antimicrobial Resistance. Clinical Infectious Deseases. 2011, 52:S397-S428.