O uso de tabaco, principalmente em
cigarros, é uma das maiores causas de morte e doenças preveníveis no mundo. É
estimado que mais de um sexto da população mundial é fumante e que 6 milhões de
pessoas morrem por ano por doenças relacionadas ao fumo1.
Há longa data alternativas de auxílio
para o abandono desse hábito são criadas e estimuladas: grupos de apoio,
adesivos de nicotina, apoio psicológico. Nos últimos anos, uma nova estratégia
vem sendo promovida entre a população fumante e chamando a atenção até mesmo de
não fumantes: o cigarro eletrônico, ou e-cigarette.
O cigarro eletrônico vêm chamando a atenção por ser considerado mais seguro e
menos nocivo a saúde que cigarros normais de nicotina2. Mas será que isso é verdade?
Promovidos como uma alternativa para
reposição de nicotina alternativa de manter o hábito de fumar, mas sem os
malefícios da fumaça de combustão de todos os outros elementos presentes em um
cigarro convencional, os cigarros eletrônicos vêm cada vez ganhando mais adeptos.
Com seus primeiros representantes sendo apenas versões eletrônicas simples da
sua versão convencional, a segunda geração de e-cigarettes permite regular a liberação de nicotina, controle de
temperatura e de produção de vapor3,4. Além de uma grande variedade
de cores, formatos e combinações, tornando fumar “divertido”. Entretanto não se
tem certeza ainda do quão seguros e eficientes estes novos cigarros são.
Em
estudo realizado com 150 médicos nos Estados Unidos, dois terços dos
entrevistados relataram já terem sido perguntados sobre cigarros eletrônicos
por pacientes, mas somente metade destes admitiu ter recomendado o seu uso5.
Entretanto, muitos fumantes acabam não falando com seus médicos sobre o assunto
e preferem consultar linhas telefônicas de ajuda para o abandono de cigarro e
acabam conversando muitas vezes com conselheiros leigos fora da área da saúde.
Estudo realizado na américa do Norte em 2014 demonstrou que a maioria destes
conselheiros não vê e-cigarettes como
uma boa alternativa para parar de fumar e até mesmo que são viciantes6.
Uma
revisão sistemática publicada esse ano analisou qualitativamente e
quantitavamente a literatura sobre os efeitos de cigarros eletrônicos. Esta revisão mostrou que não é possível
concluir se cigarros eletrônicos são efetivos como auxílio para parar de fumar
devido à baixa força das evidências. Existe alguma informação indicando que e-cigarettes de segunda geração podem
ajudar fumantes a largar o hábito de maneira mais eficaz que os de primeira
geração, por diminuírem o aparecimento de sintomas e ânsias relacionados a
falta de nicotina7.
Cigarros
eletrônicos também vêm causando alvoroço por serem permitidos em alguns lugares
públicos pelo argumento de não fazem mal a saúde. Estudo realizado avaliou a
quantidade de nicotina presente em fluidos orais e respiração de fumantes
passivos em lugares fechados, mostrando que exposição a cigarros eletrônicos resulta
a cerca de 7 vezes menos nicotina na respiração e 3 vezes menos em fluídos
orais que cigarros convencionais de tabaco, entretanto não discute se essa
concentração de nicotina poderia já ser considerada segura8.
Alguns
estudos ainda mostraram que existe uma pequena tendência de e-cigarettes promoveram um menor risco
cardiovascular que cigarros convencionais pela não combustão do tabaco10,11.
Ainda assim mais estudos com maior profundidade e solidez devem ser realizados
para que seja possível afirmar com certeza se cigarros eletrônicos são
realmente melhores ou não que cigarros convencionais para a saúde.
Texto elaborado por
Gustavo F Marcowich
Revisada por
Tatiane Dal Pizzol
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