A
febre é comum em crianças e, frequentemente, gera ansiedade em pais e
cuidadores denominada, por vezes, de febrefobia. Assim, o uso de medicamentos
no manejo da febre é uma prática comum em crianças, incluindo o uso de esquemas
alternados de antipiréticos. Dentre os erros frequentemente cometidos com
antitérmicos estão o seu uso em qualquer elevação de temperatura corporal e a
repetição excessiva de administrações, sem observar o período de latência
desses fármacos. O desconhecimento do tempo necessário para se iniciar o efeito
conduz à falsa ideia de que alguns antitérmicos (paracetamol e ibuprofeno, por
exemplo) não sejam tão eficazes, exigindo a administração de outro agente (dipirona,
por exemplo) para a supressão da febre.
Quando tratar, como e por que tratar (ou
não tratar) a febre em crianças ainda são questões que geram dúvidas e opiniões
diversas, e que motivaram a realização de estudo publicado recentemente no
Jornal de Pediatria , com apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
(CNPq). Nesse estudo, foram avaliadas as principais condutas terapêuticas
adotadas por pais ou cuidadores quando seus filhos de 0 a 6 anos tem febre, em
uma amostra da população infantil de Bagé, Rio Grande do Sul. Os pesquisadores
verificaram que a maioria dos pais ou cuidadores (cerca de 73%) administra
medicamentos como primeira medida diante de um episódio febril. O uso de esquemas
alternados de antipiréticos (por exemplo, administrar paracetamol e dipirona alternadamente,
em intervalos de 4/4h) foi verificado para quase um terço dos participantes do
estudo, uma prática que não encontra respaldo na literatura, de acordo com
revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados, também publicado no
Jornal de Pediatria. Além disso, foi observado que a maioria dos cuidadores
considerou como febre temperaturas inferiores às preconizadas, e apontou a
ausência de resposta à monoterapia (o uso de um único princípio ativo) e a indicação
médica como as principais razões para o uso alternado.
O artigo Condutas terapêuticas e uso alternado de antipiréticos no manejo da febre em crianças, que apresenta os resultados deste
estudo pode ser conferido na íntegra aqui.
Você ainda pode conferir aqui a revisão
sistemática intitulada, Uso alternado de antipiréticos para tratamento da febre em crianças: revisão sistemática de ensaios clínicos randomizados.
Boa leitura,
Equipe CIM-RS
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