Homeopatia é uma técnica bicentenária
que vem se firmando mundialmente como uma alternativa na terapêutica humana e
veterinária e hoje disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). Medicamentos
homeopáticos se originam do princípio “Similia similibus curantur”, que foi
adaptado por Christian
Friedrich Samuel Hahnemann, o pai da homeopatia, como: “Os remédios só podem
curar doenças semelhantes àquelas que eles próprios podem produzir”. Tais
medicamentos são derivados de fontes naturais que a partir da dinamização
liberam suas propriedades medicinais1. Os medicamentos e técnicas
homeopáticas são documentados e possuem Farmacopéia própria, como a do Brasil,
que pode ser consultada neste link. Cabe destacar que
não são medicamentos homeopáticos: essências florais, medicamentos
antroposóficos, cromoterapia, aromaterapica, acupuntura, reiki, iridologia,
shiatsu, dentre outros2.
Por vezes, os medicamentos homeopáticos passam por descrença
pelo meio acadêmico e profissional; entretanto em relatório sobre a efetividade
e segurança de medicamentos homeopáticos desenvolvido para o Gabinete Federal
Suíço para Saúde Pública, com o objetivo de avaliar formas de medicina
complementar, é relatado que a efetividade destes medicamentos pode ser comprovada
por evidência clínica3. No entanto, o relatório destaca que os dados
não são sempre consistentes, levando a restrições nos resultados.
Apesar do tratamento homeopático estar
incluso e ser financiado pelo SUS, ainda não é contemplado em protocolos
clínicos e diretrizes terapêuticas, mesmo em condições para as quais já existam
evidências. Por exemplo, embora com poucos estudos incluídos, uma revisão
Cochrane, buscando avaliar o uso de medicamentos homeopáticos em casos de
efeitos adversos causados por antineoplásicos, evidenciou efeitos benéficos do
uso de pomada de calêndula em uso tópico para tratamento de dermatite causada
por radioterapia e do uso de Traumeel S (um medicamento homeopático) como exaguatório bucal para
diminuição de estomatite induzida por quimioterapia4. Ao menos no
Brasil, não existe descrição do uso de medicamentos homeopáticos para essas ou
outras indicações nos protocolos clínicos5.
Consultando a base Cochrane de revisões
sistemáticas e outras bases de dados, como PubMed e Embase, é evidente o baixo
número de ensaios clínicos randomizados de qualidade existentes sobre o tema,
resultando em revisões sistemáticas e meta-análises inconclusivas em sua
maioria. Talvez a falta de evidência seja um dos motivos para a não inserção da
prática homeopática no SUS; no entanto, ausência de evidência não significa necessariamente
ausência de efeito. Portanto, é de suma importância que mais estudos
controlados de boa qualidade sobre eficácia, segurança e efetividade de
medicamentos homeopáticos sejam realizados e, dessa maneira, possam contribuir
com o acesso e uso racional de tecnologias de saúde no SUS.
Texto elaborado por Gustavo F Marcowich
Revisado por Farm. Prof. Tatiane da Silva Dal Pizzol
1. BRASIL. ANVISA. Farmacopéia Brasileira
de Homeopatia. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/hotsite/farmacopeiabrasileira/conteudo/3a_edicao.pdf Acessado em:
21/11/2016
2. BRASIL. ANVISA. Medicamentos
Dinamizados. Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/medicamentos/homeopaticos/definicao.htm Acessado em:
21/11/2016
3. Bornhöft G et al. Effectiveness, safety and cost-effectiveness of
homeopathy in general practice - summarized health technology assessment.
Forsch Komplementmed. 2006;13 Suppl 2:19-29. Epub 2006 Jun 26.
4. Kassab S, et al. Homeopathic medicines for adverse effects of cancer
treatments. Cochrane Database of Systematic Reviews 2009, Issue 2. Art. No.:
CD004845.
5. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em
Oncologia. Brasília -DF. 2014. Disponível em: http://conitec.gov.br/images/Protocolos/livro-pcdt-oncologia-2014.pdf Acessado em:
21/11/2016
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