13 de ago. de 2013

Medicamentos Inovadores



A maioria dos medicamentos novos lançados pela indústria farmacêutica não traz ganho algum para os tratamentos de saúde. A maioria dos novos registros de medicamentos são realizados com base em sua superioridade sobre placebo ou não-inferioridade em relação a tratamentos alternativos, ao invés de levar em conta eficácia relativa e custo-benefício. Com freqüência, não existe vantagem clínica porque os medicamentos são muito parecidos entre si (me too).
Além disso, existe uma grande pressão sobre os órgãos regulatórios para acelerar o processo de aprovação de medicamentos, o que dificulta o reconhecimento dos verdadeiros avanços terapêuticos. Os procedimentos rápidos de aprovação de medicamentos têm causado considerável dano à população e já foram motivo de perda de credibilidade das autoridades sanitárias em nível mundial. Um exemplo foi a ocorrência de mortes de pacientes que utilizavam o rofecoxibe (Vioxx®, Roche), em razão do aumento de risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral. A própria indústria retirou o medicamento do mercado. 
Em setembro de 2012, dois médicos franceses, Philippe Even e Bernard Debré, lançaram um livro no qual  analisaram ​​4.000 medicamentos que circulam no mercado francês e em outros países. Os autores do livro “Guia de medicamentos úteis, inúteis ou perigosos” (Le guide des médicaments utiles, inutiles ou dangereux”), concluíram que 50% dos medicamentos são inúteis, 20% são mal tolerados e 5% são potencialmente muito perigosos. Nesse cenário, os profissionais da saúde têm um papel indispensável para averiguar o valor de um novo tratamento medicamentoso e decidir sobre a prescrição ou dispensação deste.
Contudo, as habilidades individuais desses profissionais devem estar apoiadas em informação confiável e isenta. Diversos boletins independentes avaliam criticamente as evidências sobre medicamentos novos e publicam, em suas conclusões, se estas novas intervenções superam as opções já disponíveis.
Nesse contexto, o CIM-RS sugere a leitura do artigo: “Novos medicamentos registrados no Brasil: podem ser considerados como avanço terapêutico?”, que analisou o registro de 49 medicamentos, no período de 2000 e 2002, considerando o ganho terapêutico frente aos medicamentos existentes e apresenta considerações importantes sobre o tema. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.
Recomendamos também a leitura do texto “Medicamentos: el lucro o la vida”, por Germán Velásquez, publicado no blog Medicamentos, Salud y Comunidad, disponível em: http://medicamentos-comunidad.blogspot.com.ar/2012/09/francia-guia-de-los-medicamentos-utiles.html.

Adicionalmente, sugerimos a consulta a boletins independentes e outras fontes para a avaliação de novos medicamentos: 
Drug and Therapeutic Bulletin                                                                http://www.dtb.org.uk/dtb/index.html 

Medical Letter on Drugs and Therapeutics                             http://www.medletter.com/ 

La Revue Prescrire                                                                                http://www.prescrire.org/ 

Midland Therapeutic Review and Advisory Committee            http://www.keele.ac.uk/depts/mm/MTRAC/ 

National Institute of Clinical Excellence                                   http://www.nice.org.uk/ 

Dialogo Sui Farmaci                                                                               http://dialogosuifarmaci.it/ 

Boa leitura,
Equipe CIM-RS

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