A maioria dos medicamentos
novos lançados pela indústria farmacêutica não traz ganho algum para os
tratamentos de saúde. A maioria dos novos registros de medicamentos são
realizados com base em sua superioridade sobre placebo ou não-inferioridade em
relação a tratamentos alternativos, ao invés de levar em conta eficácia
relativa e custo-benefício. Com freqüência, não existe vantagem clínica porque
os medicamentos são muito parecidos entre si (me too).
Além disso, existe uma
grande pressão sobre os órgãos regulatórios para acelerar o processo de
aprovação de medicamentos, o que dificulta o reconhecimento dos verdadeiros
avanços terapêuticos. Os procedimentos rápidos de aprovação de medicamentos têm
causado considerável dano à população e já foram motivo de perda de
credibilidade das autoridades sanitárias em nível mundial. Um exemplo foi a
ocorrência de mortes de pacientes que utilizavam o rofecoxibe (Vioxx®, Roche),
em razão do aumento de risco de infarto do miocárdio e acidente vascular
cerebral. A própria indústria retirou o medicamento do mercado.
Em setembro de 2012, dois médicos franceses, Philippe Even e Bernard Debré, lançaram um livro
no qual analisaram 4.000
medicamentos que circulam no mercado
francês e em outros países. Os autores do livro “Guia de medicamentos úteis, inúteis ou
perigosos” (“Le guide des médicaments utiles,
inutiles ou dangereux”), concluíram que 50% dos medicamentos são inúteis, 20% são mal tolerados e 5%
são potencialmente muito perigosos. Nesse cenário, os
profissionais da saúde têm um papel indispensável para averiguar o valor de um
novo tratamento medicamentoso e decidir sobre a prescrição ou dispensação
deste.
Contudo, as habilidades individuais desses profissionais devem estar
apoiadas em informação confiável e isenta. Diversos boletins independentes
avaliam criticamente as evidências sobre medicamentos novos e publicam, em suas
conclusões, se estas novas intervenções superam as opções já disponíveis.
Nesse contexto, o CIM-RS
sugere a leitura do artigo: “Novos medicamentos
registrados no Brasil: podem ser considerados como avanço terapêutico?”,
que analisou o registro de 49 medicamentos, no período de 2000 e 2002, considerando
o ganho terapêutico frente aos medicamentos existentes e apresenta
considerações importantes sobre o tema. Para ler o artigo na íntegra, clique aqui.
Recomendamos também a
leitura do texto “Medicamentos: el lucro
o la vida”, por Germán Velásquez, publicado no blog Medicamentos, Salud y Comunidad, disponível em: http://medicamentos-comunidad.blogspot.com.ar/2012/09/francia-guia-de-los-medicamentos-utiles.html.
Adicionalmente, sugerimos a
consulta a boletins independentes e outras fontes para a avaliação de novos
medicamentos:
Drug
and Therapeutic Bulletin http://www.dtb.org.uk/dtb/index.html
Medical
Letter on Drugs and Therapeutics http://www.medletter.com/
La Revue Prescrire http://www.prescrire.org/
Midland
Therapeutic Review and Advisory Committee http://www.keele.ac.uk/depts/mm/MTRAC/
National
Institute of Clinical Excellence http://www.nice.org.uk/
Dialogo Sui Farmaci http://dialogosuifarmaci.it/
Boa leitura,
Equipe CIM-RS
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